O preço da arroba do boi batendo R$ 190,00, tendo chegado a R$ 350,00 no primeiro semestre de 2022, e as escalas nos frigoríficos alongadas para 10 a 20 dias estão tirando o sono do pecuarista. Resumo da ópera: a atual temporada tem sido de prejuízo, levando a uma tendência de redução nos investimentos. Para o presidente do SIRAN, de Araçatuba (SP), Thomas Rocco, o panorama é preocupante e desafiador. “Estamos vivendo um momento dramático. É o pior cenário dos últimos 10 anos. O pecuarista não está conseguindo nem empatar os seus custos de produção”, afirma o líder classista.
Ainda assim, o produtor rural que preside uma das mais antigas e representativas entidades do agronegócio brasileiro – o SIRAN existe há mais de 80 anos –, comenta que a expectativa é que a situação melhore nos próximos meses, pois não deve haver mais novas quedas nos preços. De toda forma, Rocco dá orientações. “O pecuarista tem que ficar atento ao ciclo pecuário, que é de baixa atualmente. É preciso ter foco no planejamento, na gestão, e ter todos os custos na ponta do lápis. Além disso, a dica é fazer travas de preços, pois elas garantem margem e custo de produção, além de diluir o risco da atividade”, comenta.
Por meio de contratos futuros (travas) o pecuarista faz a venda antecipada do bovino. A operação é uma forma prática de fazer um seguro de preço para garantir a margem e reduzir o risco da operação.
Alerta desde o começo do ano
Thomas Rocco diz que, por meio de podcasts semanais que o SIRAN produz e disparada aos associados, desde o início do ano vinha alertando para a atual situação. “A gente percebia a oferta de animais aumentando e os frigoríficos pressionando cada vez mais. Além disso, teve interrupção de embarque de carne pra China, o que inflou o mercado interno fazendo o preço da arroba despencar.”
De acordo com informações fornecidas pela consultoria Safras & Mercado, os preços mais baixos não impediram os frigoríficos de adquirirem quantidades substanciais de boiadas, sendo que as indústrias frigoríficas ainda estão em uma posição favorável, graças às escalas de abate que ainda se mantêm satisfatórias. Entretanto, tanto no mercado interno quanto no internacional, os preços da carne bovina permanecem pressionados, o que está impactando diretamente as receitas das empresas. Diante desse cenário, a necessidade de cortar custos se torna mais urgente. Analistas dizem que no médio e no longo prazo essa postura tende a afetar a produtividade média da atividade.