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25/04/2018- Agregando valor na propriedade com o turismo rural


O turismo está entre as atividades econômicas mais rentáveis nos últimos anos. Mas, para ser um empreendedor do ramo turístico, é muito importante entender os conceitos e as tendências mundiais relativas ao assunto e saber analisar as potencialidades regionais e locais.

O tripé de sustentação do turismo é formado por hospedagem e alimentação, transporte e entretenimento. Para compreender as características, motivações e expectativas que sustentam esses três aspectos, 50 produtores participam do Programa Turismo Rural,em Buritama e Santo Antônio do Aracanguá. A capacitação é desenvolvida pelo Senar, em parceria com o Siran e apoio das casas de agricultura e prefeituras locais.

Segundo o instrutor do Senar Antônio Carlos Covolan, turismo rural tem a ver com as características de uma propriedade rural. Um produtor, por exemplo, que possibilita que as pessoas tirem leite da vaca; ele cria uma experiência memorável e cobra um valor dos visitantes para que usufruam disso.

Dentro desse tipo de turismo se desencadeia vários outros, comoturismo de aventura, quando uma propriedade temcachoeiras, trilhas, entre outros atrativos.

O propósito do programa, realizado em 240 horas, é ensinar o produtor a agregar valor em sua propriedade. “Eles aprendem desde psicologia humana até o planejamento para explorar a atividade. A propriedade tem que ser produtiva, senão não faz sentido promover o turismo rural. Muitas vezes, empresários quebram porque montam um projeto com visão de turista, porém é mais do que isso, ele precisa aprender a lidar com gestão e gerenciamento do turismo. Planejamento é fundamental para começar”, orienta Covolan.

POTENCIAL REGIONAL

Para o instrutor, o grande atrativo para o turista na região é o Rio Tietê, com suas belezas e a atividades de pesca. Ele acredita que a população passa por um momento de anseio porretornar à vida no campo e o produtor pode aproveitar e agregar valora sua propriedade para ganhar mais. “Nem todo mundo pode comprar uma propriedade rural ou quer morar na roça, mas devido à correria do dia a dia, elas querem se desligar. Então quem tem um sítio, uma chácara e proporciona vivências, tais como comerum pão caseiro assado no forno à lenha, do passeio na mata, tomar banho no rio, de colher verduras na horta, consegue fazer com que as pessoas comprem essa visita”, afirma.

Hoje está em alta o passeio em família. A prova disso são os passeios de bicicleta que tomaram conta da região. É comum um parceiro sair para pedalar e o outro, com as crianças, se encontrarem para almoçar juntos num restaurante que estava no caminho de seu passeio, muitas vezes, numa área rural. Tudo pode gerar lucro num passeio desse tipo: sucos naturais, cafés da manhã rurais, com especialidades da roça, colheita de frutas, entre outros.

O diretor do Departamento de Cultura e Turismo de Buritama, Wilton Rosalino Borges, acredita que a prainha é o principal atrativo da cidade, o que desperta o interesse de vários tipos de pessoas, como, por exemplo, pescadores. “Aqui tem muito tucunaré e corvina, que são peixes mais procurados; tem um peixe chamado porquinho, no qual fazem muito filé dele. Tem muita criação de tilápia e esse segmento está se expandindo na região de Buritama”, diz Borges.

Ele também explica que uma mudança de horário no funcionário da prainha - atualmente ela fecha às 22h - proporcionou um ambiente mais seguro, estimulando maior frequência de famílias e menos vândalos. No local, também ficam três salva-vidas, dependendo do movimento e de quatro a seis seguranças. A Polícia Militar também realiza monitoramentos. Em Santo Antônio do Aracanguá, a turma se organiza para a criação de uma prainha também.

EMPREENDIMENTOS

O número de condomínios com perfil de descanso e lazer também enche os olhos. São pelo menos 13, contando cidades circunvizinhas aos buritamenses.

Em 2017, Buritama foi contemplada com a lei do MIT (Município de Interesse Turístico). Por esse motivo, a cidade que é banhada pelo Rio Tietê, passou a receber do governo estadual R$ 550 mil, ao ano, para investir em obras destinadas ao turismo regional.

Para o secretário, a vocação turística da cidade é muito forte e responsável por gerar renda e emprego. “Focamos muito no calendário de eventos, como o réveillon, o nosso rodeio, que é um dos melhores do Estado. Nós temos o Juninão, que é um evento muito bom para nós, acaba atraindo turistas que ficam na prainha durante o dia e à noite vão para o evento. Muitos empresários, pessoas que moram em São Paulo, Rio de Janeiro ou em Santos mesmo, vêm e compram terreno aqui, constroem e ficam uma vez por mês, porque é um lugar gostoso, tranquilo e de paz”, descreveu.

O próximo passo, segundo o secretário, é tornar o município estância turística e atrair empresários do setor hoteleiro.

APOSTA NO FUTURO

Rosângela Aparecida Gioli, uma das proprietárias da Chácara Nossa Senhora Aparecida, em Buritama, e participante do Programa Turismo Rural, do Senar, aproveita os conhecimentos obtidos desde a primeira aula e já aplica em sua propriedade.

“A gente sempre teve vontade de fazer algo aqui. Meus pais são donos da chácara há mais de 40 anos. Como temos todas as características para implantar o turismo rural, como fogão àlenha, por exemplo, pensamos até em servir comida, fazer almoço e jantar. Mas, essa ideia ficou difícil porque eles estão com idade avançada e querem que os filhos façam. Então, por meio desse curso, eu comecei a ver que a chácara tem muitas características e potencial. Ela é um lugar que todo mundo que chega aqui fala: nossa, achei um paraíso”, conta entusiasmada Rosângela.

A família plantou várias espécies de árvores, tais como, pau-brasil, figueira, espécies frutíferas, como jabuticabeira, carambola, bananeira. Quem visita a propriedade também se depara com patos, gansos, perus, galinhas, vacas, bezerros, pavões, porcos e aves de vários tipos, entre elas, papagaios, sempre soltos.

Logo na entrada há uma espécie de capelinha, onde vários objetos demonstram a devoção dos moradores da casa. Um moinho e um poço no quintal e a decoração simples, bem ao estilo caipira com lamparina, carroça vermelha, vasos de barro e até uma nega-maluca, completam o cenário.

Beatriz Marques Ferrari é artesã, tem um ateliê de costura e também aposta nos potenciais turísticos da cidade, onde mora há 18 anos. Sua pretensão é se aprofundarpara montar uma feira. “Já fui feirante, passei por associação de artesãos, mexi com a parte burocrática e também viajo muitopelo Brasil e para o exterior. Percebo que em todo lugar tem uma feira e que ela é o ponto alto do turismo. Você tem mil coisas para conhecer, mas você tem um dia livre e todo mundo vai para a feira do artesanato, em qualquer lugar do mundo”, diz Beatriz.

Embora não tenha uma propriedade, traz suas experiências anteriores para explorar o turismo de modo rentável na cidade. “Eu morei em Goiás, uma cidade turística, fiz o primeiro curso sobre o assunto no Sebrae de lá, amei! Acho que tem um grande futuro aqui, em Buritama, e a maneira como eu gostaria de explorar o turismo é com o artesanato. É uma maneira de criar dividendos para as famílias. A feira é uma coisa que dá tão certo, que, no Rio de Janeiro, há uma feira com fila de espera de 400 artesãos aguardando vagas”, conta. Ela pensa que a diversidade seria um aspecto marcante da feira sonhada, com doces, quitutes, além dos artesanatos.

O setor do turismo é responsável por 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado. De acordo com o secretário de Turismo, Laércio Benko, no Estado de São Paulo o segmento movimenta até 56 setores da economia e é o único estado da federação com políticas públicas voltadas à atividade turística.

Fonte: Micheli Amorim - Facilita Conteúdo / Assessoria de Comunicação do Siran

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