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12/06/2018- Região de Araçatuba busca diversidade com viticultura


 Os primeiros parreirais estão em fase de enxertia; o auge da safra regional de uva está prevista para dezembro do próximo ano

Desde 2016, os estados de São Paulo e Minas Gerais vêm aumentando as áreas dedicadas à produção de uvas, especialmente para vinhos finos de qualidade diferenciada. Naquele mesmo ano, analistas detectaram aumento de 1% a 5,57%, respectivamente.

Um programa de viticultura iniciado em 2017, em Araçatuba, deve contribuir para o aumento desses números.  Isso porque o programa já chega a sua segunda fase, após os 16 participantes realizarem a capacitação em sete etapas e aprenderem desde a preparação o solo, escolha da área até a comercialização.

O programa é desenvolvido em parceria com o Siran e Prefeitura de Araçatuba. Em junho, o grupo inicia a enxertia, que é a técnica de melhoramento genético que consiste em implantar parte de uma planta viva em outra planta de igual ou diferente espécie, com a finalidade de propagar determinadas variedades. Odenir Rossafa, instrutor do Senar, explica que serão utilizadas pelo menos 10 variedades diferentes, entre elas, a niagara rosada; segundo ele, 96% da população aprecia essa espécie.

Outra nova cultivar de uva de mesa e que também será disponibilizada para as enxertias é a vitória, fruta também pequena, sem semente, bem escura e de um sabor que imita uma mistura de jabuticaba com pitanga. Também terão das outras mais comuns, tais como: a itália, benitaka e red globe.

HORIZONTE

Para Rossafa, há demanda regional pela fruta, uma vez que o produto que é vendido na região de Araçatuba vem principalmente das maiores áreas vitícolas do país, que são Rio Grande do Sul e Nordeste. O instrutor conta que a região de Araçatuba estará colhendo na entressafra das duas, no mês de dezembro, o que possibilitará que a produção local também seja absorvida por eles.

Essa também foi a estratégia de Jales, localizada a 100 quilômetros de Araçatuba, e que vem se destacando com o cultivo da fruta. Ele ressalta que a região possui condições climáticas favoráveis para produtos de excelente qualidade e sabor. “Por chover pouco, ela concentra mais os açúcares, então dá uma uva de melhor qualidade, tanto com menos doenças quanto no teor de açúcar. Isso é muito atrativo para o mercado que consome uva doce”, acredita.

EXPECTATIVA

Os primeiros parreirais, resultado do programa, se encontram no bairro rural Ferdinand Laboriaux, na propriedade-modelo do Alberto Figueiredo da Silva. São 256 vinhas, e o produtor já prepara nova área para dedicar às uvas.

O auge da produção, onde acontecerá a primeira colheita será em dezembro do próximo ano e, segundo Silva, o plantio é viável

 “O difícil no começo é o investimento, que não é barato. Entre mão de obra, estrutura, madeira, ferragens, irrigação e equipamentos específicos para carpir entre elas já gastei R$ 30 mil. Acredito que o retorno sobre todo esse investimento será em cinco anos, mas é rentável, porque a colheita será familiar, não exige complexidade”, diz o produtor.

Sobre o mercado, ele pretende atender a demanda local, uma vez que há uma carência do produto.

Os outros participantes também vêm reproduzindo os aprendizados em suas propriedades, com destaque para uma produtora do bairro Água Limpa que se dedicará à produção orgânica.

OTIMISMO

Após a receptividade de Araçatuba, em 2018 foi a vez de Santo Antônio do Aracanguá aderir à ideia, também com a parceria do Siran e apoio da Casa da Agricultura e Prefeitura. Em maio, os 16 participantes concluíram o segundo módulo.

Na propriedade-modelo onde as aulas acontecem, a novidade é que serão dois sistemas de parreira para que os produtores tenham opções com custos diferentes: terá a latada, com 24 pés de uva e a espaldeira em Y, com oito pés da fruta.

Na latada, a vantagem está no manejo, porém ela custa um pouco mais caro. Ainda assim, o instrutor do Senar afirma que é um investimento que vale a pena, porque a mesma estrutura pode ser utilizada durante até 50 anos. Além de conduzir a videira em três linhas, ao invés de uma, como acontece no método de espaldeira, o sistema em Y mantém o cordão de produção a 1,5 metro do solo. Essa distância, que permite uma maior ventilação das parreiras, chega a apenas 80 centímetros no método convencional.

Vânia Cristina Rozeti Vicente é uma das participantes de Santo Antônio de Aracanguá. Atualmente, seu foco está na produção de leite, mas já pretende começar a investir na nova opção. “Eu vejo que esse é um mercado promissor, porque aqui a gente não tem produção suficiente, há carência do produto”, diz.

A produtora Marli Vergílio também acredita no futuro da cultura na região. “Será ótimo, eu creio que a uva vai ser minha aposentadoria. Vou trabalhar bastante, mas quando eu estiver com mais idade eu vou estar tranquila”, compartilha Marli.

Acompanhe as coberturas e fotos dos cursos e programas que acontecem na região por meio das redes sociais. O Siran está no Instagram, no Facebook  e YouTube.

Fonte: Micheli Amorim - Facilita Conteúdo / Assessoria de Comunicação do Siran

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