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23/06/2017- Mudanças Climáticas

Por: Ana Rita Barreto Santiago


Em 5 de junho comemoramos no Brasil o Dia do Meio Ambiente. Neste ano, o fato que mais chamou a atenção na data foi a decisão do novo presidente norte-americano, Donald Trump, de se desligar do Acordo de Paris para as mudanças do clima.

Isso causou uma reação negativa internacional, e mesmo dentro dos EUA, por vários fatores. O mais importante é que os Estados Unidos são um grande poluidor. Outro fator é que no Acordo de Paris cada país estabeleceu suas próprias metas de redução de poluição, de acordo com o que considerou factível dentro de sua realidade. Ou seja, nada foi imposto, mas proposto por cada signatário. E só dois países estão fora do acordo: Nicarágua e Síria. E agora, os EUA. Internamente, prefeitos de várias cidades, o governador da Califórnia e inúmeras empresas (até mesmo as ligadas à indústria petrolífera) já se posicionaram afirmando que continuarão a cumprir suas metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e busca por tecnologias que reduzam a poluição.

E o Brasil, como está trabalhando a questão? Primeiramente, o Brasil reconhece que as mudanças climáticas estão ocorrendo e que a proteção ambiental é essencial para garantir a sobrevivência humana no planeta. Esse reconhecimento se traduz na enorme gama de normas objetivando a proteção do meio ambiente. Essas normas são tantas, no nível federal, estadual e municipal, que se tornam um emaranhado um tanto confuso, às vezes, mas o objetivo é único: proteção ambiental para garantia da vida das futuras gerações.

No que tange às mudanças climáticas propriamente ditas, o Brasil tem uma lei federal desde 2009 que estabelece diretrizes para lidar com a questão. A primeira diretriz é o cumprimento dos compromissos internacionais assinados pelo Brasil nessa área. Uma outra diretriz importante é cooperação internacional na troca de informações, tecnologia e pesquisas científicas para mitigação dos efeitos nocivos e adaptação às mudanças climáticas. Mas talvez a diretriz mais importante seja o compromisso com o desenvolvimento sustentável. Isto é, o reconhecimento de que proteger o meio ambiente e buscar o desenvolvimento econômico não são incompatíveis.

Desenvolvimento depende de energia. A busca por fontes de energia limpa não é nova no Brasil. O Proálcool, idealizado pelo governo militar na década de 1970, foi um precursor. Embora os programas de bioenergia tenham sofrido com as alterações das políticas para a área dos governos que se seguiram, a verdade é que eles sobrevivem, ainda que às vezes aos trancos e barrancos. Essa é uma área sensível para a nossa região, grande produtora de cana-de-açúcar e onde se localizam inúmeras usinas de produção de etanol.

A utilização da energia solar é outra área em que o Brasil se destaca. A determinação legal para que as habitações populares tenham placas de captação de energia solar para aquecimento de água elevou exponencialmente a utilização dessa tecnologia, com o consequente barateamento dos produtos. E atualmente a energia solar não tem sido utilizada somente para aquecimento de água, mas para a produção de energia elétrica, com a utilização de painéis fotovoltaicos. Embora ainda incipiente, a utilização dessa tecnologia tem se mostrado eficiente e importante na zona rural, em especial em zonas remotas. O custo, entretanto, ainda é elevado, mas a tendência é de barateamento com a popularização do uso.

Uma outra fonte limpa de energia é o vento. Desde o final da década de 1990 o Brasil vem aumentando o seu parque eólico e hoje, em algumas regiões, a maior parte da energia elétrica consumida pela população já provém de usinas eólicas.

Assim, como se vê, são inúmeras as áreas em que se pode e deve atuar para minimizar a emissão dos gases de efeito estufa. Culpar a pecuária pela emissão de metano e o desmatamento pelo aquecimento global e achar que eliminá-los é a única solução para se salvar o planeta é uma visão estreita, limitada, preconceituosa e ideologicamente marcada. Necessário se faz que a informação sobre o assunto se dissemine e que se possamos, verdadeiramente, agir de forma efetiva para enfrentarmos as mudanças climáticas e nos adaptarmos a ela.

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